"A palavra "Bruxa" possui tantas conotações negativas que várias pessoas perguntam porque a usamos. No entanto, recuperar a palavra "Bruxa", é recuperar o nosso direito, como mulheres, de sermos poderosas; como homens, de conhecer o feminino presente no divino. Ser uma bruxa é estar identificada com nove milhões de vítimas do fanatismo e do ódio e ser responsável por moldar um mundo no qual o preconceito não faça mais vítimas" (STARHAWK, 2010, p. 40)
Em noite de lua cheia, após um ritual em honra a Ela, me proponho
a escrever sobre o que significa ser bruxo. Muito poderia ser citado como base
bibliográfica, muitas questões poderiam ser discutidas sob a ótica teórica, mas
não seria possível transcrever o que significa estar na presença dos deuses e
sentir-se abraçado pela luz branca da lua cheia. Abro a janela para permitir
que luz adentre em meu quarto e desejo que ela permaneça me cobrindo com poder
por mais tempo, porém nesse instante lembro-me de uma das mais dolorosas e
prazerosas lições que Ela mesma me ensinou sem palavras: como a lua caminha no
céu, a roda gira e a essa dança deveremos chamar de vida, e deveremos honrar
todos os seus aspectos.
Descubro-me sorrindo, estou entre Os
deuses antigos, imponentes figuras de poder, símbolos em formas humanas. De
faces diferentes, com vozes e corpos variados. Então resolvo fechar os olhos e
sinto a mesma energia manifestada através de todos eles. A mesma energia
manifestada de formas diferentes. Penso que todos somos filhos de uma mesma mãe
e de um mesmo pai e a sacralidade está em sermos livres, tão livres que em
algum momento uma liberdade fira a outra e tenhamos de decidir para e por qual
faceta olharemos.
E ao ouvir uma das notas da música de Loreena
Mckennitt, me sinto ligado às crianças que depositaram flores aos pés de uma
estatua de Diana, aos milhares de adoradores ocultos pela noite e àquela que um
dia resolveu lançar-se de uma torre e antes de chegar ao solo era uma
iniciada. Ser bruxo ou bruxa é muito mais que lançar encantamentos, mesmo que eles façam parte da prática, é sentir-se fazendo parte de uma grande teia na qual somos co-criadores e criação, assumindo a responsabilidade de honrar e trabalhar, não em nome do nosso ego, mas em nome Deles e de todos os nossos ancestrais.
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